Já quase tudo se escreveu sobre o Alvarinho. Para muitos enólogos e viticultores, é tida como a mais nobre casta branca de Portugal. O seu comportamento na vinha é como um lembrete dos momentos que se avizinham. Após o abrolhamento, por norma na segunda quinzena de março, segue-se a floração, já nos finais de maio, e o odor emanado pelas flores relembram-nos constantemente que estamos na Primavera. Já no pintor, lá para os finais de julho, quando os bagos se tornam translúcidos, percebemos que restam poucas semanas para o início de mais uma campanha de vindimas.
Apesar da sua altíssima qualidade, o Alvarinho é uma casta de baixa produção, fruto do tamanho diminuto dos seus bagos e cachos e de grande parte do espaço interior ser ocupado por sementes. Na película encontra-se a maioria dos compostos aromáticos e alguma da estrutura que será transmitida ao vinho. Os vinhos são de cor intensa com reflexos cítricos, sabores macios e persistentes, e aromas distintos e delicados, embora complexos, com um carácter floral predominante, mas também frutado (pêssego, banana, limão), amendoado e caramelizado. Possui um teor de açúcar elevado, o que resulta em vinhos mais alcoólicos, e uma acidez bem presente, condição ideal para vinhos mais complexos e de guarda.
Com todo este manancial de propriedades, não é de estranhar que usemos o Alvarinho em cinco das nossas referências, algumas das quais bastante diferentes. Assim, o Alvarinho apresenta-se em três vinhos da gama Quinta da Raza, mais especificamente no monovarietal, Quinta da Raza Alvarinho e em dois blends – Quinta da Raza Alvarinho-Trajadura (porventura, o vinho mais consensual e galardoado da nossa produção) e Quinta da Raza Avesso-Alvarinho, onde fica patente o potencial de guarda de ambas as castas. O Alvarinho é ainda a casta maioritária (80%) do Family Collection Nº2, com a particularidade de aqui se conjugarem três anos de colheita: 2018, 2019 e 2020. Por fim, numa relação de grande simbiose, partilha com o Avesso e o Arinto, a composição do Quinta da Raza Espumante Bruto Natural 2019.